11/07/2010

CLINT EASTWOOD

Na história do cinema, não são raros os casos de actores que passaram com sucesso para trás das câmaras. O francês Mathieu Almaric acaba de ganhar o prémio de melhor director no Festival de Cannes por Tournée; o inglês Charles Laughton fez a obra-prima O Mensageiro do Diabo (1955), Kevin Costner (Dança com Lobos) e Mel Gibson (Coração Valente) levantaram estatuetas do Oscar de melhor filme depois de longas carreiras como intérpretes.

Mas nunca houve uma transformação tão radical, tão profunda, tão bem-sucedida quanto a de Clint Eastwood. Se algumas décadas atrás fizessem um questionário com milhares de cinéfilos perguntando qual o jovem actor que se tornaria num director com sucesso no futuro, o nome de Clint não seria lembrado. Mas tornou-se um dos grandes autores do cinema americano contemporâneo, um dos cineastas e actores mais importantes da história do cinema não só está vivo, em plena actividade, como completou 80 anos no dia 31 de Maio.

Quando ele iniciou a sua carreira – primeiro como "actor secundário" de filmes serie B, depois na trilogia de western spaghetti de Sergio Leone ou como o Dirty Harry criado por Don Siegel –, Clint era visto em geral como um actor limitado.

Mas aos poucos aprendeu as manhas do ofício com Leone e Siegel e começou a construir uma carreira de director consistente ainda nos anos 70, com filmes bem-recebidos como Josey Wales - O Fora da Lei. Mas a percepção da crítica só veio nos anos 80, quando Bird, a biografia do saxofonista Charlie Parker, assombrou Cannes.

Os anos 90 foram a fase de consagração, com a obra-prima vencedora de um oscar Os Imperdoáveis e o sucesso romântico As Pontes de Madison. E na década de 2000, Clint com (Menina de Ouro, A Troca) e o brilhante (Sobre Meninos e Lobos, A Conquista da Honra).

Ao longo do percurso, dirigiu uma obra sólida como o Monument Valley, aquela paisagem rochosa do Oeste americano que foi o cenário preferido do cineasta John Ford, um dos heróis de Clint. As suas obsessões tornaram-se evidentes: uma queda por personagens marginalizados, com traumas do passado, em busca de redenção; um interesse pelo confronto entre o facto e a lenda.

Além de se ter se sofisticado como actor (o que nunca foi devidamente reconhecido), Clint tornou-se o mais clássico dos cineastas modernos.

Clint nunca deixou de ser o Homem Sem Nome ou Dirty Harry, construindo um estilo límpido e directo, sem palavras ou gestos desnecessários, sem chamar atenção para suas virtudes. Clint chega aos 80 anos ainda como um cavaleiro solitário, percorrendo lenta e silenciosamente o deserto do cinema de hollywood.

Sem comentários:

Enviar um comentário