26/09/2010

Battle of the Streaming Music Services


Hoje já se tem muitas opções quando se quer escutar música grátis na web. A questão é, qual é a melhor opção, especialmente se estiver interessado em possivelmente até mesmo pagar por um ilimitado, mobile-friendly.
http://lifehacker.com/5608715/battle-of-the-streaming-music-services

JON SAVAGE

O jornalista, escritor fundador do New Music Express, escreveu a biografia dos Sex Pistols “English Dreaming” e argumentista do documentário “Joy Division”, Jon Savage reúne “Black Hole”,uma colectânea com 25 músicas da cena Punk Rock Californiana, de 1976 a 1980, que será lançado dia 15 de Novembro.

Savage escolheu as faixas pelo o conteúdo das letras que falam sobre reclamações contra os governos, comentários sobre o mundo, entre outros.

1. The Germs – “Forming”
2. The Dils – “I Hate The Rich”
3. The Screamers – “Peer Pressure”
4. Crime – “Murder By Guitar”
5. The Zeros – “WIMP”
6. The Avengers – “We Are The One”
7. The Consumers – “Anti Anti Anti”
8. The Randoms – “A-B-C-D”
9. Black Randy and the Metro Squad – “Trouble At The Cup”
10. The Alleycats – “Nothing Means Nothing”
11. The Weirdos – “Solitary Confinement”
12. The Zeros – “Beat Your Heart Out”
13. X – “We’re Desperate”
14. The Offs – “624803″
15. The Sleepers – “Seventh World”
16. The Middle Class – “Situations”
17. The Bags – “Survive”
18. The Germs – “Media Blitz”
19. The Middle Class – “Love Is Just a Tool”
20. The Flesheaters – “Pony Dress”
21. Urinals – “Black Hole”
22. The Aurora Pushups – “Victims of Terrorism”
23. The Avengers – “The American In Me”
24. Dead Kennedys – “California Uber Alles”
25. The Dils – “The Sound of the Rain”
26. The Sleepers – “Los Gatos”

WOMEN IN BASS

É pena que The Shaggs não tivesse baixista...

Nadja, ex Coal Chamber

Ginger
Tina Weymouth
Kim Gordon
Julie Slick, Adrian Belew Power Trio
Kim Racer
Sean Yseult, dos White Zombie
Melissa Auf Der Maur, Hole, Smashing Pumpkins
Michell Ndegeocello
Kim Deal
D'arcy Wretzky - The Smashing Pumpkins


No indie britânico, a propensão para bandas de rapazes recrutarem uma mulher para o baixo é menor. O caso mais óbvio é sem dúvida Debbie Googe, dos My Bloody Valentine. Das mesmas andanças shoegazers, Rachel Goswell, a vocalista dos extintos Slowdive, não resisitiu ao apelo do baixo nos mais folky Mojave 3. Charlotte Cooper dos Subways e Freddy Feedback dos Art Brut são dois exemplos actuais de baixista no feminino dentro da ilha de Sua Majestade.

No boom do punk dos anos 70, citemos os nomes das baixistas Gaye Advert, dos britânicos Adverts, e Lorna Doom, dos Germs, como bravas penetrações em bandas maioritariamente masculinas. E não nos esqueçamos que, a nível do hardcore, Kira Roessler teve parte activa no auge dos Black Flag de Henry Rollins. Mas a new wave e o pós-punk foram mais dóceis e acessíveis para o aparecimento de mulheres no instrumento rítmico de cordas. Sara Lee tornou-se uma freelancer que interveio em momentos cruciais da vida dos Gang of Four e dos B-52’s; Patricia Morrison também se desdobrou em várias bandas de culto como os góticos Sisters of Mercy, os psychobillies Gun Club e os punks The Damned.

Mas a maior desse período foi sem dúvida Tina Weymouth, a loira alegre e arty dos Talking Heads. Sabia corresponder à exigência funk dos Talking Heads não só com dedilhados mas também com um irrequieto pézinho de dança. Nos tempos da garra punk, era menina para sangrar a mão enquanto tocava sem palheta. Impressionava.

Em Portugal, o nosso melhor exemplo é a baixista dos Mão Morta, Joana Longobardi, que empresta ao grupo uns ares mais góticos com os seus longos cabelos.

Kim Deal dos Pixies tem sido outro símbolo de empatia com o público. As menores rédeas dadas à baixista por Black Francis: poucas vezes Deal se aproximava do microfone para cantar Gigantic ou o lado-b Into the White. Os Dandy Warhols dedicaram-lhe uma canção, Cool as Kim Deal. Naomi Yang (hoje metade dos Damon & Naomi) dos Galaxie 500 é mais uma peça de cristal do pop-rock.

No indie rock americano, os exemplos de mulheres no baixo acumulam-seJoanna Bolme (que toca com Stephen Malkmus e faz parte dos Quasi), Laura Ballance (dos Superchunk), Michelle Mae (dos Weird War e ex-Make-Up), Toko Yasuda (dos Enon) e Kathy Foster (dos Thermals) são apenas alguns dos muitos casos que confirmam a tendência das mulheres para o baixo.

PROVERBIO INDIANO

"Quando falares, procura que as tuas palavras sejam melhores que o silêncio".

(Antigo provérbio indiano.)

25/09/2010

MIRÓ + RENE MAGRITTE

A maior exposição de obras do pintor surrealista espanhol Joan Miró dos últimos 50 anos vai ter lugar na Tate Modern, em Londres, com abertura marcada para Abril de 2011. Intitulada The Ladder of Escape, a mostra vai exibir mais de 150 telas de Miró, vindas de várias partes do mundo. Entre estas, conta-se uma que pertenceu a Ernest Hemingway. Outro grande nome do surrealismo, René Magritte, vai ter, por seu lado, uma exposição na Tate Liverpool

21/09/2010

Elizabeth Taylor e Richard Burton

A paixão deles foi adúltera, escandalosa, atormentada, eterna. As suas vidas inauguraram a celebrity culture dos reality shows. Mas só agora Elizabeth Taylor revela as cartas que Richard Burton lhe escreveu: "My blind eyes are desperately waiting for the sight of you."

1962, Cineccittà. Os paparazzi - já se chamavam assim, dois anos antes Federico Fellini filmara La Dolce Vita e dera o nome de Paparazzo a um fotógrafo, o que passou a designar, como dizer, uma ambição, uma atitude... - acamparam fora dos estúdios ou seguiam o casal Via Venetto abaixo e acima. Richard era casado, com Sybil. Liz com Eddie Fisher, o homem que "roubara" à sua amiga Debbie Reynolds para se consolar do estado de viúva inconsolável devido à morte, num desastre de avião, do grande amor da sua vida, o produtor Mike Todd. Mas Eddie - e aqui entramos por um pedaço de psicologia sexual que Furious Love tacteia - já tinha sido domado, e Liz precisava de novas e maiores emoções. Burton era uma melhor versão de Mike Todd, era a sua alma gémea sexual. E havia o álcool.

My blind eyes are desperately waiting for the sight of you. You don"t realize of course E. B. how fantastically beautiful you have always been, and how strangely you have acquired an added and special and dangerous loveliness. Your breasts jumping out from the half-asleep languid lingering body, the remore eyes, the parted lips.

LizandDick, 1962, Roma, um resumo: tentativa de suicídio de Taylor dentro de uma camisa de noite Christian Dior, depois de Burton lhe ter dito que nunca poderia abandonar a mulher, Sybil.

Eddie Fisher com uma pistola apontada à mulher adúltera, mas depois a dizer "descansa que não te mato porque és bonita de mais".

Foi durante a rodagem que Burton pediu o divórcio à mulher, mas o divórcio entre Liz e Eddie só seria decretado em 1964, ano em que Elizabeth e Richard passaram então a ser um casal segundo a lei dos homens. Era o segundo para Richard, o quinto para Elizabeth.


LizandDick, conjugalidade, resumo (1964-1973; 1975-1975): Taylor adorava os ímpetos alcoólicos de Burton, e segundo Furious Love precisava de uma boa cena de luta conjugal em público - isto é, animalidade. Que podia ser selada com um Van Gogh. Elizabeth comia, bebia e arrotava como na taberna dos galeses, antídoto (entramos de novo pelos pedaços de psicologia de Furious Love) à sua beleza algo delicodoce - o apetite pelo foie gras, pela galinha frita e pelo puré de batata ou pelo Bloody Mary dava-lhe um suplemento de realidade, tornava-a mais carnal, dizem os autores do livro. Era uma forma de rasgar o que tinha sido desde miúda, desde que era child actress, o corpete em que estava metida desde Lassie - e como se quisesse estilhaçar também grandes planos como os de A Place in the Sun e aquele romantismo dorido com Montgomery Clift.

Na rodagem de A Noite de Iguana (1964) de John Huston, ela foi acompanhar o já marido à rodagem, no México, e não ficava atrás de nenhum dos homens - a fasquia era alta: havia Burton e havia Huston, e havia Ava Gardner, que se já não era o mais belo animal do mundo ainda era um homem no que toca à bebida.


Em 1965, Vincente Minnelli colocou-os como homem e mulher adúlteros em pleno Big Sur, em The Sandpiper - e com Eva Marie Saint a fazer de mulher abandonada da personagem de Burton na qual muitos viram um retrato de Sybil, a mulher de quem o actor se divorciara. A personagem de Taylor, uma mente livre, vivia em pleno milieu de beatnicks, nudistas, e etc., mas, para quem vivia rodeada de jóias e de dólares na vida real, transformar-se em ícone da contracultura dos 60s era tarefa inglória. E não tinha o corpo andrógino que começava a estar na moda. O filme foi olhado com desdém e com desconfiança por um (novo) público emergente. Era um sinal de que um mundo estava a acabar. Mas antes disso houve um golpe de rins, Quem Tem Medo de Virginia Woolf (Mike Nichols, 1966): Liz engordou, "envelheceu" para fazer de Martha, e Richard permitiu todo o espaço à mulher para brilhar fazendo de humilhado George. Jeu de massacre, Quem Tem Medo de Virginia Woolf permitiu aos dois darem azo à sua fisicalidade: como se, ao bater em Richard/George, Liz pacificasse a sua necessidade de luta. E Martha/Liz começa logo a abrir com o seu What a dump!, imitação de uma line famosa de Bette Davis. Foi o segundo Óscar para ela (o primeiro, em 1960, foi com Butterfield 8), mas não haveria nenhum para Burton. Só que, por mais bravado que exista na Martha da actriz, quem foi ao cinema não via as personagens, via Liz e Dick, que nunca poderiam desaparecer naquilo que interpretavam.

E o mesmo aconteceu com A Fera Amansada (1967), de Franco Zefirelli, versão feliz e rocambolesca, via Shakespeare, da turbulência conjugal dos Burtons. Com a incontinência de calão que Liz alardeava. E foi outro sucesso.

Os biógrafos falam na série de filmes que fizeram juntos como um espelho que não os deixava. E quanto a ela, a Liz, como uma espécie de inversão da actriz do Método: como se tivesse aprendido a escolher os filmes por aquilo que estava a acontecer na sua vida, sim, mas sobretudo acabando por ser empurrada na vida pelo imaginário das personagens e dos filmes. Joseph L. Mankiewicz: "Ela era o oposto da maioria das outras estrelas... para ela, viver era uma espécie de actuação" - provavelmente estaria a lembrar-se (isto somos nós a perpetuar o mito...) de uma cena de ciúmes de Cleópatra por causa de Marco António, em que Taylor teria gritado... Sybil.

O golpe de rins que foi Quem Tem Medo de Virginia Woolf e o sucesso comercial e artístico da empreitada não vieram escamotear que se foram o primeiro casal reality show, o show estava a acabar: eles foram os últimos de uma espécie. Na obsessão de concorrer com os Onassis nas jóias - Furious Love informa-nos que a expressão spending money like the Burtons passou a designar os perdulários; na forma como viviam foram do mundo - e quase literalmente, porque uma parte da vida familiar dos Burtons, eles e os filhos dele e os filhos dela, foi vivida a bordo de um iate, o Kalizma, que ia de porto em porto, sulcando o Mediterrâneo, por exemplo, para compras - eles que destestavam andar de avião e assim sentiam a sua vida mais protegida. John Guielgud, que entrou no Kalizma, contou que a vida dos Burtons era cuidada por "14 marinheiros portugueses". E quando não era o Kalizma, quando teve de ir para obras, foi a vez do Beatrice and Bolívia, que ancorou no Tamisa quando os Burtons passaram uma temporada em Londres, alugado por 21 mil dólares por mês, porque Liz não queria que os seus cães fossem submetidos ao programa obrigatório de quarentena antes de entrarem em território britânico - a imprensa não perdoou: "O canil mais caro do mundo."E os diamantes. O Krupp - que fez a princesa Margarida abrir os olhos em choque, "é tão grande, que vulgar", e Liz abrir os olhos de gulodice: "É, não é, maravilhoso!" O La Peregrina, o Ping-Pong, o Taylor-Burton, que só podia ser usado, regras da seguradora, 30 dias por ano. As lutas, o álcool, as desintoxicações de Richard...

Em 1970, para a cerimónia dos Óscares, os Burtons fizeram a tournée mediática necessária para promover Anne of a thousand days (Charles Jarrott), hipótese de Burton receber, finalmente, o Óscar que lhe faltava. Quando deixaram o iate que os protegia, perceberam que Hollywood mudara. A MGM estava à venda, e a tanga de Johnny Weissmuller, e os sapatos vermelhos que Judy Garland usara no Feiticeiro de Oz, e o guarda-chuva de Gene Kelly de Serenata à Chuva. Pormenor relevante: Steven Spielberg começava a filmar a sua primeira curta. Números: 20 por cento da população tinha menos de 30 anos e constituía 73 por cento do público de cinema. Os movie brats vinham a caminho, e os rostos e corpos de DeNiro, Dustin Hoffman, Diane Keaton, Ellen Burstyn ou Jane Fonda eram de outra natureza. Burton não ganhou o Óscar, e ainda por cima foi Elizabeth Taylor, que aceitara participar na cerimónia esperando que esse seria o ano do marido, que teve de entregar o Óscar do Melhor Filme a O Cowboy da Meia-Noite, de John Schlesinger, símbolo da "nova Hollywood" e o primeiro filme com a classificação X (para adultos) a ganhar um Óscar. Para a velha guarda de Hollywood, eram ainda os protagonistas de Le Scandale - e do filme que iniciou o princípio do fim para a 20th Century Fox, como um pavão que abre o leque para uma última vez; para a contracultura que tomava conta de Beverly Hills, eram um casal duvidoso. Alguém os descreveu nessa altura como "dois campeões de pesos pesados exaustos de tanta briga mas incapazes de se deixarem". Estavam no limbo.

Em 1965, Vincente Minnelli colocou-os como homem e mulher adúlteros em pleno Big Sur, em The Sandpiper - e com Eva Marie Saint a fazer de mulher abandonada da personagem de Burton na qual muitos viram um retrato de Sybil, a mulher de quem o actor se divorciara. A personagem de Taylor, uma mente livre, vivia em pleno milieu de beatnicks, nudistas, e etc., mas, para quem vivia rodeada de jóias e de dólares na vida real, transformar-se em ícone da contracultura dos 60s era tarefa inglória. E não tinha o corpo andrógino que começava a estar na moda. O filme foi olhado com desdém e com desconfiança por um (novo) público emergente. Era um sinal de que um mundo estava a acabar. Mas antes disso houve um golpe de rins, Quem Tem Medo de Virginia Woolf (Mike Nichols, 1966): Liz engordou, "envelheceu" para fazer de Martha, e Richard permitiu todo o espaço à mulher para brilhar fazendo de humilhado George. Jeu de massacre, Quem Tem Medo de Virginia Woolf permitiu aos dois darem azo à sua fisicalidade: como se, ao bater em Richard/George, Liz pacificasse a sua necessidade de luta. E Martha/Liz começa logo a abrir com o seu What a dump!, imitação de uma line famosa de Bette Davis. Foi o segundo Óscar para ela (o primeiro, em 1960, foi com Butterfield 8), mas não haveria nenhum para Burton. Só que, por mais bravado que exista na Martha da actriz, quem foi ao cinema não via as personagens, via Liz e Dick, que nunca poderiam desaparecer naquilo que interpretavam.

E o mesmo aconteceu com A Fera Amansada (1967), de Franco Zefirelli, versão feliz e rocambolesca, via Shakespeare, da turbulência conjugal dos Burtons. Com a incontinência de calão que Liz alardeava. E foi outro sucesso.

Os biógrafos falam na série de filmes que fizeram juntos como um espelho que não os deixava. E quanto a ela, a Liz, como uma espécie de inversão da actriz do Método: como se tivesse aprendido a escolher os filmes por aquilo que estava a acontecer na sua vida, sim, mas sobretudo acabando por ser empurrada na vida pelo imaginário das personagens e dos filmes. Joseph L. Mankiewicz: "Ela era o oposto da maioria das outras estrelas... para ela, viver era uma espécie de actuação" - provavelmente estaria a lembrar-se (isto somos nós a perpetuar o mito...) de uma cena de ciúmes de Cleópatra por causa de Marco António, em que Taylor teria gritado... Sybil.

O golpe de rins que foi Quem Tem Medo de Virginia Woolf e o sucesso comercial e artístico da empreitada não vieram escamotear que se foram o primeiro casal reality show, o show estava a acabar: eles foram os últimos de uma espécie. Na obsessão de concorrer com os Onassis nas jóias - Furious Love informa-nos que a expressão spending money like the Burtons passou a designar os perdulários; na forma como viviam foram do mundo - e quase literalmente, porque uma parte da vida familiar dos Burtons, eles e os filhos dele e os filhos dela, foi vivida a bordo de um iate, o Kalizma, que ia de porto em porto, sulcando o Mediterrâneo, por exemplo, para compras - eles que destestavam andar de avião e assim sentiam a sua vida mais protegida. John Guielgud, que entrou no Kalizma, contou que a vida dos Burtons era cuidada por "14 marinheiros portugueses". E quando não era o Kalizma, quando teve de ir para obras, foi a vez do Beatrice and Bolívia, que ancorou no Tamisa quando os Burtons passaram uma temporada em Londres, alugado por 21 mil dólares por mês, porque Liz não queria que os seus cães fossem submetidos ao programa obrigatório de quarentena antes de entrarem em território britânico - a imprensa não perdoou: "O canil mais caro do mundo."E os diamantes. O Krupp - que fez a princesa Margarida abrir os olhos em choque, "é tão grande, que vulgar", e Liz abrir os olhos de gulodice: "É, não é, maravilhoso!" O La Peregrina, o Ping-Pong, o Taylor-Burton, que só podia ser usado, regras da seguradora, 30 dias por ano. As lutas, o álcool, as desintoxicações de Richard...

Em 1970, para a cerimónia dos Óscares, os Burtons fizeram a tournée mediática necessária para promover Anne of a thousand days (Charles Jarrott), hipótese de Burton receber, finalmente, o Óscar que lhe faltava. Quando deixaram o iate que os protegia, perceberam que Hollywood mudara. A MGM estava à venda, e a tanga de Johnny Weissmuller, e os sapatos vermelhos que Judy Garland usara no Feiticeiro de Oz, e o guarda-chuva de Gene Kelly de Serenata à Chuva. Pormenor relevante: Steven Spielberg começava a filmar a sua primeira curta. Números: 20 por cento da população tinha menos de 30 anos e constituía 73 por cento do público de cinema. Os movie brats vinham a caminho, e os rostos e corpos de DeNiro, Dustin Hoffman, Diane Keaton, Ellen Burstyn ou Jane Fonda eram de outra natureza. Burton não ganhou o Óscar, e ainda por cima foi Elizabeth Taylor, que aceitara participar na cerimónia esperando que esse seria o ano do marido, que teve de entregar o Óscar do Melhor Filme a O Cowboy da Meia-Noite, de John Schlesinger, símbolo da "nova Hollywood" e o primeiro filme com a classificação X (para adultos) a ganhar um Óscar. Para a velha guarda de Hollywood, eram ainda os protagonistas de Le Scandale - e do filme que iniciou o princípio do fim para a 20th Century Fox, como um pavão que abre o leque para uma última vez; para a contracultura que tomava conta de Beverly Hills, eram um casal duvidoso. Alguém os descreveu nessa altura como "dois campeões de pesos pesados exaustos de tanta briga mas incapazes de se deixarem". Estavam no limbo.

Elizabeth Taylor receberia ainda mais uma carta de Richard Burton. Ele tinha-a enviado a 2 de Agosto de 1982. Três dias depois, ausentou-se da sala na casa que partilhava com a sua quinta mulher, Sally Hay, queixando-se de dores de cabeça. Morria nessa noite, vítima de hemorragia cerebral. Elizabeth recebeu a carta dias depois da morte de Burton. Foi a única carta que Taylor não disponibilizou a Sam Kashner e Nancy Schoenberger. Vamos ler o que eles contam, no final de Furious Love: "Era uma carta de amor a Elizabeth, e nela ele dizia-lhe o que ele queria. Elizabeth estava em casa e ele queria regressar a casa. Desde essa altura ela mantém essa carta na mesa de cabeceira."



in Publico

POP DeLL´ ARTE

Os Pop Dell’Arte, que comemoram este ano 25 anos de carreira, apresentaram no passado dia 15 de Julho,2010, na sala Musicbox, o seu recente “Contra Mundum”.

A banda que concorreu ao 2º Concurso do Rock Rendez-Vous em 1985, gravou “Free Pop” ou “Ready Made” e “Sex Symbol”.

Apesar das mudanças, ao longo da história da banda, terem sido mais ou menos constantes, o colectivo assume a individualidade, carisma, paixão, inteligência e sinceridade,são palavras-chave dos Pop Dell’Arte.

Novo album, e digressão tem sido comentadas no meio da blogosfera. Para uma banda formada numa época em que nada do que é agora, João Peste diz de forma clara: “vivemos tempos fantásticos… com óptimas, mas também péssimas, possibilidades. Vivemos o limiar de uma nova Era, a chamada Era da Informação.

Não nos limitámos às influências do chamado eixo de Manchester - Liverpool.Fomos sempre uma banda urbana, acho que as influências dos PDA são muito diversas e vão desde os futuristas aos surrealistas, passando pelos dadas, pela Action Painting, pela Pop Art ou pelos ready-mades de Marcel Duchamp; pelo cinema de Fellini e Visconti… ou mesmo Godard e Fassbinder; da BD franco-belga aos comics americanos dos anos 30, 40 e 50. Musicalmente, as influências vão de Sun Ra e Miles Davis a Giorgio Moroder e Donna Summer passando por Soft Cell, Bowie, Roxy Music, Nina Simone, T.Rex, Jacques Brel, Grace Jones, Joy Division, Mark Stewart, Sonic Youth, ou mesmo, Stravinsky, Schoenberg, Stockhausen, John Cage ou Luigi Nono (entre muitos outros) conclui João Peste.

ANDY WARHOL

Até 14 de Novembro, o Museu Colecção Berardo apresenta no CCB a exposição “Warhol TV”, que disponibiliza o acesso a importantes emissões televisivas produzidas, realizadas e protagonizadas por Andy Warhol, entre 1979 e 1987.

Na Factory, o atelier de produção artística fundado por Andy, era frequente haver câmaras ligadas, prontas a documentar as acções dos presentes - “Sleep” (1963, 321 minutos), “Haircut” (1963, 35 minutos), “Empire” (1964, 485 minutos)são extensas gravações de pessoas em acções triviais ou captações fixas de espaços determinados.

Em “Chelsea Girls” (1966), o filme experimental rodado em Nova Iorque, acompanha várias mulheres que habitam o hotel Chelsea - Nico, Brigid Berlin, Gerard Malang, Ingrid Superstar, International Velvet e Eric Emerson.

Nascido a 6 de Agosto de 1928, somente dois anos após a invenção do primeiro televisor pelo escocês John Logie Bird, Andy Warhol foi filho da geração televisiva. “Deixava a televisão ligada o tempo todo, sobretudo quando havia pessoas a falar comigo sobre os seus problemas, e apercebi-me de que a televisão desviava a minha atenção o suficiente para que os problemas que as pessoas me estavam a contar já não me afectassem. Era como uma coisa mágica.”, revelou Warhol.

19/09/2010

KIYOSHI KUROSAWA

Filmes de terror? filme fantástico? um cineasta de género? Kiyoshi Kurosawa numa entrevista diz "O que eu considero um genuíno e eficiente filme de terror é aquele em que depois do filme acabado, o público vai para casa e o terror e o medo instilados sobrevivem, levando o público a imaginar “O que acabei de ver?” e “Quem eram aqueles personagens?”

Sobre a diferença entre seus filmes de terror e o último, não considerado de género, "Sonata de Tóquio" Kurosawa diz: "É claro que para filmes de terror, eu sei que o objectivo é assustar o público, por isso estou sempre pensando em maneiras diferentes para que estes filmes sejam realmente assustadores. Desta vez, eu não acho que havia qualquer razão para que as pessoas sentissem medo de assistir ao filme. Mas o que não é diferente entre este filme e meus filmes de horror é que eu estou sempre tentando mostrar como os elementos que limitam o que vemos na tela estão sendo influenciados por forças fora da tela. Esses são os tipos de coisas que eu quero expressar - o vento, uma sombra intrusa, ou a luz que brilha - são diferentes tipos de expressões, e eu não acho que foram utilizados em Sonata de Tóquio de forma diferente dos meus filmes de horror. Possivelmente, porque eu também não queria mostrar apenas o que vemos, mas a influência do que não vemos, e talvez o sentimento que resultou, estranhamente, foi algo um pouco assustador."

Considerado um dos pais do J-Horror, actualmente é um dos principais directores do cinema japonês contemporâneo Kiyoshi Kurosawa, apesar do sobrenome não tem nenhum parentesco com o famoso cineasta Akira Kurosawa.

No início da carreira, nos anos 80, fazia filmes de baixo orçamento lançados directamente no mercado de homevideo, em geral ligados ao género Yakuza.

O primeiro grande sucesso do director, conseguiu a proeza de ser seleccionado, no mesmo ano, para os festivais de Berlim, Cannes e Veneza, transformando Kurosawa num dos principais nomes do cinema japonês.

Além disso, dois filmes com grande reconhecimento internacional: "Futuro Brilhante" (2003), nomeado Palma de Ouro no Festival de Cannes, e o mais recente, "Sonata de Tóquio" (2008), que valeu o prémio do júri da mostra "Um Certo Olhar" do prestigiado festival francês.

"Inúteis Pulse", exibido em Cannes chegou a ser comprado pelos poderosos Irmãos Weinstein para um remake em Hollywood, que seria dirigido por Wes Craven, mas depois o projecto acabou sendo realizado por Jim Sonzero, com um resultado inexpressivo.

OSCAR WILDE

“Só existe uma coisa pior do que falarem de nós. É não falarem.”

Oscar Wilde (O Retrato de Dorian Gray)

CHARLATANS - JON BROOKES

Jon Brookes, baterista da banda inglesa Charlatans foi internado na noite do dia 15, após sofrer um colapso durante um show. O músico está sendo submetido a exames e já responde bem ao tratamento.

Segundo o site NME, Brookes parou de respirar durante a apresentação da banda na Filadélfia, nos Estados Unidos, e foi socorrido por um médico que estava na plateia.

Um assessor da banda informou ao site que o baterista deve ser transferido em breve para um hospital maior para mais exames. "Os médicos acreditam que sua saúde não sofrerá consequências", disse.

CERVEJA E ARTE EM MADRID

Uma mostra recém-inaugurada em Madrid reúne obras de artistas plásticos contemporâneos inspiradas na cerveja.

Intitulada Cerveja e Arte, a exposição traz pinturas, esculturas, colagens, fotografias e arte digital que retratam a bebida popular em vários países do mundo.

A curadoria da mostra afirma que fez um único requisito para os artistas: escolher uma marca de cerveja e então dedicar-lhe uma obra “inspirada em muitos casos em sua apreciação do sabor”.

A maioria das cervejas homenageadas são espanholas e tradicionais, eleitas por artistas locais, mas também há cervejas estrangeiras imortalizadas por artistas internacionais de oito países, de Cuba a Bangladesh.

Diferentes aproximações

Os quadros revelam uma grande diversidade de escolhas e temas, apesar de terem a inspiração da cerveja em comum.

Alguns artistas optaram por usar a bebida como inspiração para obras abstratas, enquanto outros, como o artista espanhol Pedro Grifol, optaram por cenários mais famosos, como a reprodução da imagem da Última Ceia. Além dos elementos religiosos, a obra ainda evoca o nome da marca de cerveja: Judas.

O pintor espanhol Fernando Bellver também se inspirou em obras consagradas para realizar uma obra a partir da bebida. O quadro Mujer con peineta, do consagrado artista Picasso, ganhou uma nova versão: Mujer com peineta y abanico tomándose uma cervecita en la Plaza de las Ventas ("Mulher com pente e leque bebendo uma cervejinha na praça de Las Ventas").

A exposição será itinerante e renovada nos próximos meses já que todas as peças expostas estão à venda e serão substituídas por novos quadros quando forem vendidas.

18/09/2010

TRISHA BROWN DANCE COMPANY

Trisha Brown, uma das coreógrafas centrais do movimento da dança pós-moderna americana, apresentou as suas performances, pela primeira vez, ao público, na Judson Memorial Church (Washington Square, Nova Iorque), um lugar de encontro de uma comunidade artística irreverente que integrou bailarinos, artistas visuais, músicos, poetas e cineastas.

A reunião deste colectivo de artistas nasce na classe de composição, apoiada por Cunningham e orientada por Robert Dunn, um músico que estudou com John Cage, e constitui-se pela necessidade de um espaço livre de experimentação colectiva e de confluência de múltiplas áreas disciplinares.

Na dança e coreografia foram relevantes as participações dos bailarinos e coreógrafos Lucinda Childs, Steve Paxton, Yvonne Rainer, Simone Forti, Deborah Hay a que se associaram outros criadores como Meredith Monk, La MonteYoung, Robert Morris, Alex Hay e Robert Rauschenberg. Alguns destes criadores tinham convivido anteriormente com Trisha Brown nos workshops de Verão de Anna Halprin, na Califórnia, e nos estudos realizados no Merce Cunningham Studio, em Nova Iorque.

A 6 de Julho de 1962, é apresentada a primeira iniciativa “Concert on Dance 1#”, e inaugurado o domínio da dança pós-moderna americana pelo grupo de performers da Judson Dance Theater. A libertação das convenções associadas à significação e à dimensão psicológica do movimento da dança, a tomada de consciência do uso do corpo do intérprete, a introdução de movimentos e acções da vida quotidiana, a intervenção no espaço público e a urgência na aproximação da arte à vida, são fundamentos centrais definidos por esta geração.

Trisha Brown junta-se igualmente a outros grupos de artistas participando em eventos Fluxus e nos Happenings criados por Robert Witman.

No início da década de 70, faz parte do colectivo de improvisação Grand Union, unindo-se a Yvonne Rainer.

Simultaneamente, a coreógrafa cria a sua própria companhia e as suas primeiras peças para espaços alternativos e pouco usuais - lofts, telhados, parques de estacionamento, praças e galerias de arte - explorando a presença do corpo em contextos surpreendentes, retirando-lhe aparentemente o peso e a territorialidade, e deslocando a percepção habitual do espectador.

A sua dança manifesta-se pela atenção dada à estrutura através de tarefas sequenciais e de gestos repetidos, propostos aos bailarinos como jogos com “instruções”, destinados à exploração do movimento e ao entendimento da organização espacial (“um gesto depois do outro” - como Donald Judd referiu).

As peças Sticks (1973), Spanish Dance (1973), Figure Eight da primeira parte do programa, correspondem a este período.

Nos finais da década de 70 e início dos anos 80, Trisha Brown abandona os espaços alternativos para reinvestir no espaço formal do palco (“Trisha veio para casa (Teatro) quando se apercebeu que não a tinha e que lhe fazia falta” - Robert Rauschenberg).

Neste âmbito, experimenta a inclusão de movimentos mais instintivos e multidireccionais e o desenvolvimento de um vocabulário espontâneo, centrado na destreza da fisicalidade dos intérpretes. Brown recorre regularmente aos ecos e ideais criativos dos anos 60 e 70, de modo a contrariar as imagens convencionalmente associadas ao espaço teatral e centra-se nas colaborações artísticas integrando nos seus espectáculos música, instalação, texto, figurinos e iluminação.


A colaboração criativa e a longa amizade entre Trisha Brown e Robert Rauschenberg tem início neste período - Glacial Decoy (1979), Set and Reset (1983), Astral Convertible (1989), Foray Forêt (1990), If you couldn’t see me” (1994).

Robert Rauschenberg é responsável pelos figurinos da peça Foray Forêt e autor do figurino e do espaço visual e sonoro da peça If you couldn’t see me.

Em Foray Forêt, uma fanfarra local toca afastada do palco ligando o teatro ao espaço público exterior. Forêt refere-se a França, país de estreia mundial da peça e à floresta de infância de Trisha Brown em Washington State. A peça, criada em secções modulares é significativa do retorno de Trisha a um vocabulário de formas simples e de activação do gesto. A percepção do público é central “O que vemos?” Uma dança silenciosa, suspensa, distante.

No solo If you couldn’t see me, Trisha Brown contraria a convenção frontal da representação propondo uma dança de costas para a audiência que, ocasionalmente, percepciona o perfil do corpo da bailarina abaixo do pescoço. Desafiar a instabilidade da postura e da expressão dos movimentos, obrigatoriamente laterais, e partilhar uma relação inversa com o público, são ideias corporizadas nesta experiência, propostas com a cumplicidade de Robert Rauschenberg.

A apresentação em Serralves, Porto, foi em 2008, e pertence ao ciclo CICLO PARALELO À EXPOSIÇÃO “ROBERT RAUSCHENBERG: Em viagem 70–76”.
Burroughs chama a palavra de um vírus, algo que nos contagia e duplica. Certas palavras têm um forte efeito sobre nós. Estes são ambos vistos como santos ou obscenos. Outras palavras podem mudar a nossa consciência como um canto ou uma música. Ao cortar as palavras Burroughs acreditava que poderia tornar-se livre dos seus efeitos. (Burroughs, 47-51). Ele criou uma anarquia no ego do escritor. Uma vez que a reencarnação ocorre o ego morre, é como o cut-up, o ego é dissolvido de volta ao éter da origem da palavra.

Em 1959, Burroughs usou palavras como "merda", "burro" e "fuck" dezenas de vezes no seu mais famoso livro Naked Lunch. Ele inspirou a manchete do Chicago Daily News intitulado "Filthy Writing on the Midway". O artigo influenciado pela Universidade de Chicago para eventualmente reprimir a revista que estava a publicar os trechos de Naked Lunch.(Morgan 296).

Esta indirectamente causa interesse no livro que foi publicado na íntegra, mas rotulado como obsceno. Mesmo os tribunais norte-americanos concordaram. Naked Lunch foi rotulado como obsceno entre 1958 e 1966. De Grazia, o advogado da editora de Burroughs,e Naked Lunch foi a julgamento por obscenidade em vez de único vendedor de um livro que poderia ser preso.

Mas ele viu o valor de Naked Lunch no seu depoimento do livro no julgamento do Supremo Tribunal. O que o fez tomar a palavra a partir de qualquer fonte moralmente possível para Burroughs, é que ele acreditava que não estava agindo como um escritor, mas um transcritor do que tinha sido escrito. Outros escritores também foram apanhados no seu próprio ego para poder escrever com a mente clara para ver o que já estava lá. Para ele, as palavras que escreveu não eram suas, uma vez que nenhuma palavra pertence a qualquer escritor, assim como as cores não pertencem aos pintores.

A principal desvantagem que Burroughs e Gysin enfrentaram foi que as palavras são, naturalmente lineares, que a uma palavra segue-se uma anterior. Na pintura pode acontecer de uma só vez ou em qualquer forma, já que podemos ver a tela inteira de uma vez.

O cut-up é uma das idéias mais radicais, que resulta de um estilo de vida que desculpa, drogas e o excesso do não-racional. É permitido escrever, mover para o mesmo espaço o mesmo que na pintura abstracta. Para os autores, foi uma experiência mística, e não simplesmente uma técnica ou uns cortes de papeis separados.

Burroughs introduziu a aleatoriedade na escrita mainstream, o cut-up.
Como Cut-up & Fold-in.

O cut-up não era novo quando Brion Gysin e Burroughs usaram nos seus escritos. Tristan Tzara foi expulso dos surrealistas depois de ter feito um poema de palavras extraídas de pedaços de papel num chapéu. (Morgan 300) Houve outros que usaram técnicas semelhantes, mas Gysin e Burroughs foram os primeiros a usá-lo para escrever contos e romances. Eles desenvolveram-se muito mais do que um exercício simples com as conexões do universo psíquico e mágico.

1. Fold-in: ter uma página de qualquer trabalho escrito e cortá-lo em quatro pedaços iguais. Coloque a parte inferior direita no canto superior esquerdo e vice-versa. Leia da esquerda para a direita como se fosse um pedaço de papel.
2. O Cut-up: frases cortadas e frases de uma página de um texto. Misturar bem. Reunir em perigo, por assim dizer já que não há coincidências. Lido como um texto completo.
3. Ambos os métodos podem ser usados juntos ou separadamente, dois ou mais textos diferentes podem ser usados juntos.

O cut-up, e fold-in, ou qualquer outra forma de baralhar estas e outras palavras destrói a sua propriedade de qualquer intenção consciente do escritor . Sem dúvida, isso é quase um paralelo com o uso das drogas, por Paul Bowles, um escritor que viveu em Tânger durante a década de 1950.
Burroughs e Brion Gysin, tentaram colocar o manuscrito Naked Lunch juntos.

Escritores como Norman Mailer acreditam que o pensamento claro e original vem da mente do escritor, o talento, a partir do ego. Os cut-ups de Burroughs foram radicais na maneira de contornar o ego em fazer sentido. Burroughs salientou que não viu a sua técnica como um produto final, no entanto, usou isso como qualquer outra técnica que um escritor pode usar, como o brainstorming.

O que faz a escrita de Burroughs significativa anos mais tarde?

A escrita de Burroughs foi bem sucedida por dois motivos. Escreveu sobre a verdade que viu e divertiu-se com isso. Tragédia e comédia caminham juntos e bem Burroughs usou isso para sua vantagem.

quando Burroughs era um homem velho, na década de 1970 as pessoas tinham medo dele. Victor Bockris, um amigo dele, lembra-se de pessoas com medo de perguntar Burroughs para assinar seu livro e em vez disso, pergunte a ele. (Bockris xiii) Burroughs era sempre do lado de fora. De alguma forma, as pessoas tinham medo dele pois ele era um adolescente. Ele foi criticado por Philip O'Connor até mesmo anos após a sua escrita se tornou aceito pela comunidade literária. Ele acreditava que muito da escrita avante-garde dos anos 1950 e 60 foi feito por "autores ideologcally conservadora", como James Joyce, Beckett e Burroughs. (Morgan 450-51)

17/09/2010

DAVID LA CHAPELLE

A Taschen vai publicar em Portugal Heaven to Hell, um álbum de fotografia do controverso David LaChapelle, com fotografias de Björk, Pamela Anderson e Angelina Jolie

12/09/2010

Astronomy Photographer of the Year 2010

O concurso de fotografia organizado pelo observatório britânico Royal, em Greenwich, Londres, divulgou os vencedores que concorreram em diversas categorias neste ano.

Para ver todas as fotos vencedoras do concurso, acesse aqui- http://www.nmm.ac.uk/visit/exhibitions/astronomy-photographer-of-the-year/winners/.

A maior parte dos trabalhos foi formada por fotos de estrelas, eclipses e aurora boreal, entre outros fenómenos.

A participação, aberta a fotógrafos amadores e profissionais, também se estendeu a jovens com idade abaixo dos 16 anos.

Os trabalhos estão expostos no observatório até Fevereiro do ano que vem.

KEVIN COYNE

KEVIN COYNE - Rock'n'Roll Bullshit &; Stupid Pop Songs
(by Martin J.)

THE POLARIS PRIZE

Os prestigiados prémios Canadianos, The Polaris Prize, anunciou a lista. O vencedor será anunciado no final de Setembro.

Inclui as bandas Canadianas:

The Besnard Lakes
Album: The Besnard Lakes Are The Roaring Night

Broken Social Scene
Album: Forgiveness Rock Record

Caribou
Album: Swim

Karkwa
Album: Les Chemins De Verre

Dan Mangan
Album: Nice, Nice, Very Nice

Owen Pallett
Album: Heartland

Radio Radio
Album: Belmundo Regal

The Sadies
Album: Darker Circles

Shad
Album: TSOL

Tegan And Sara
Album: Sainthood

SHARON JONES and THE DAP KINGS

O segundo album de Sharon Jones & The Kings Dap é sem dúvida, mais forte que a estréia fantástica do grupo, e um registo que não só transcende o modelo revival funk, mas está em pé de tão sólido como o hard soul funky mais difícil do final dos anos 60 e início dos anos 70.

Pegando onde o álbum de estreia "Dap Dippin" terminou, este álbum antecipa a alma da cantora Sharon Jones e os seus The Dap Kings,(grupo que acompanha Amy Winehouse) eapresenta 11 faixas de puro "smokey" soul e funk.

A peça central do álbum é algo que todo mundo já falou e tende naturalmente a mencionar, Sharon Jones & The Dap-Kings, a cover de uma das canções funk / soul / blues, mais amadas da folk Americana Woody Guthrie " This Land Is Your Land ".

Este ano editou o quarto disco I Learned the Hard Way, e novamente mostra o espírito indomável espírito soulque é Sharon e a sua combinação impecável com os Dap-Kings - e não é um acto de novidade retro soul revival, mas sim a maior personificação activa de um som soul de verdade que nunca vai embora! . No palco, Sharon é possivelmente a mais enérgica presença carismática que já se viu, a banda traz peso e calor.....

VIRGIN - AS 100 PRIMEIRAS GRAVAÇÕES

Virgin Records

No. Artist Title
V2001 Mike Oldfield Tubular Bells
V2002 Gong Flying Teapot
V2003 V.A. Manor Live
V2004 Faust IV
V2005 Henry Cow Legend
V2006 Link Wray Beans And Fat back
V2007 Gong Angels Egg
V2008 Hatfield And The North Hatfield And The North
V2009 Chili Charles Busy Corner
V2010 Tangerine Dream Phaedra
V2011 Henry Cow Unrest
V2012 Kevin Coyne Blame It On The Night
V2013 Mike Oldfield Hargest Ridge
V2014 Slapp Happy Slapp Happy
V2015 Captain Beefheart Unconditionary
V2016 Edgar Froese Aqua
V2017 Robert Wyatt Rock Bottom
V2018 Comus To Keep From Crying
V2019 Gong You
V2020 David Bedford Stars End
V2021 Ivor Cutler Dandruff
V2022 Tom Newman Fine Old Tom
V2023 Captain Beefheart Moonbeams And Bluejeans
V2024 Slapp Happy/Henry Cow Desperate Straights
V2025 Tangerine Dream Rubycon
V2026 Mike Oldfield The Orchestral Tubular Bells
V2027 Henry Cow/Slapp Happy In Praise Of Learning
V2028 Chili Charles Quick Stop
V2029 Clearlight Symphony Clearlight Symphony
V2030 Hatfield And The North The Rotters Club
V2031 Steve Hillage Fish Rising
V2032 David Vorhaus White Noise 2
V2033 Kevin Coyne Matching Head And Feat
V2034 Robert Wyatt Ruth Is Stranger Than Richard
V2035 Wigwam Nuclear Nightclub
V2036 Pekka Pohjola B The Magpipe
V2037 Ivor Cutler Velvet Donkey
V2038 David Bedford The Rhyme Of Ancient Mariner
V2039 Clearlight Forever Blowing Bubbles
V2040 Edgar Froese Epsilon In Malaysian Pale
V2041 Can Landed
V2042 Tom Newman Live At Argonaut (not issued)
V2043 Mike Oldfield Ommadawn
V2044 Tangerine Dream Ricochet
V2045 Mallard Mallard
V2046 Gong Shamal
V2047 Kevin Coyne Heartburn
V2048 U-Roy Dread In A Babylon
V2049 Boxer Below The Belt
V2050 Link Wray Stuck In Gear
V2051 Wigwam Lucky Golden Stripes And Starpose
V2052 Mighty Diamonds Right Time
V2053 Supercharge Local Lads Makes Good
V2054 David Allen Good Morning
V2055 Vital Dub Well Charged
V2056 Keith Hudson Too Expensive
V2057 Anthony Moore Out (not issued)
V2058 Johnny Clark Rockers Time On
V2059 U-Roy Natty Revel
V2060 Delroy Wasington I-Sus
V2061 Peter Tosh Legalize It
V2062 The Gladiators Trench Town Mix Up
V2063 Mataya Cliford Star Fell From Heaven
V2064 Roy Reid (I-Roy) Whap'in Bapin'
V2065 Ivor Cutler Jammy Smears
V2066 Steve Hillage L
V2067 Supercharge Horizontal Refreshment
V2068 Tangerine Dream Stratoshere
V2069 Peter Bauman Romance 76
V2070 David Bedford The Oddysey
V2071 Can Flow Motion
V2072 Captain Beefheart Bat Chain Puller
V2073 Boxer Bloodlefting
V2074 Gong Gazeuse
V2075 I-Roy Musical Shark Attack
V2076 Johnny Clark Authorized Version
V2077 Mallard In A Different Climate
V2078 Mighty Diamonds Ice On Fire
V2079 Can Saw Delight
V2080 Ashra New Age Of Earth
V2081 Peter Tosh Equal Rights
V2082 John Greaves/Peter Blegvad Kew Rhone
V2083 Yellow Dog Yellow Dog
V2084 Pekka Pohjola The Mathematician's Air Display
V2085 Philip Glass North Star
V2086 Sex Pistles Never Mind The Bollocks
V2087 Glen Philips Swim In The Wind
V2088 Delroy Washington Rasta
V2089 The Motors 1
V2090 David Bedford Instruction For Angels
V2091 Ashra Blackouts
V2092 U-Roy Rasta Ambassador
V2093 Colin Towns Full Circle
V2094 Derek & Clive Come Again
V2095 XTC White Music
V2096 Kevin Coyne Dynamite Daze
V2097 Tangerine Dream Cyclone
V2098 Steve Hillage Green
V2099 Gong Expresso II
V2100 Magazine Real Life

10/09/2010

VAN DYKE PAKS

Van Dyke Parks, Discover America

KEITH HARING

Tommy Hilfiger acaba de lançar uma edição limitada de calçado em colaboração com a Fundação Keith Haring. Keith Haring (1958-1990) foi um artista gráfico e activista americano que utilizou com frequência a sua arte para abordar temas sociais e combinou arte, música e moda na sua obra, rompendo barreiras entre as diferentes áreas. A sua iconografia é uma mistura de elementos sexuais com discos voadores, pessoas, animais, pirâmides, televisões, telefones, etc. Uma visão particular do mundo que o tornou um dos artistas mais conhecidos do século XX.

A colecção de Tommy Hilfiger inclui ténis e galochas para rapaz e rapariga, assim como calçado desportivo masculino. Em todos os modelos estão presentes os desenhos de Keith Haring, que traduzem uma cultura urbana de rua da década de 1980.

Esta colecção cápsula reflecte na totalidade a essência das obras de Keith Haring, que desde cedo desenhou figuras que exprimiam a sua preocupação pelo que se passava no mundo.

Keith Haring nasceu nos EUA, em 1962, numa pequena cidade chamada Kutztown. Na década de 80, mudou-se para Nova Iorque, onde frequentou a School of Visual Arts. A vida desta cidade, o hip-hop, o breakdance e os graffitis influenciaram-no imediatamente. Keith Haring contactou com os chamados “artistas de rua” e começou a ganhar notoriedade ao desenhar a giz nas estações de metro, ruas e paredes das ruas de Nova Iorque. As suas primeiras exposições formais ocorreram a partir de 1980 no Club 57, então um ponto de encontro da elite vanguardista. Na mesma década, participou em várias bienais e pintou diversos murais pelo mundo – Sydney, Amesterdão e até mesmo no Muro de Berlim.

Keith Haring criou um código visual muito próprio, que se tornou facilmente reconhecível por todos. Utilizava linhas de contorno com traço grosso, tornando as suas figuras muito simples, e dava preferência às cores primárias e secundárias.

Em 1988 criou a Fundação Keith Haring, em favor das crianças vítimas de Sida. No ano seguinte, perto da igreja de Sant´Antonio Abate, em Pisa, Itália, criou a sua última obra pública - o grande mural intitulado “Tuttomondo”, dedicado à paz universal.

Morreu aos 31 anos de idade, vítima de Sida, tendo sido um forte activista contra a doença, que abordou mais que uma vez nas suas pinturas.

FERNANDO PESSOA

Mensagem do desassossego

O grande mal dos modernos é ter perdido o senso comum sem ter aprendido a raciocinar. Isto é de resto apenas uma forma do mal de hoje: o termo-nos desligado do passado sem nos termos ainda adaptado ao futuro.



Da República (1910-1935), Fernando Pessoa, recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão, introdução e organização de Joel Serrão, Ática, 1978, p. 108.

BILL VIOLA

Se Calhau problematiza a utilização da imagem, negando-a, o artista norte-americano da mesma geração, Bill Viola (1951), parece enaltece-la, interrogando-a nos seus excessos. Utilizando como meio a imagem em movimento (muitas vezes em câmara lenta, o que nos impõe outro modo temporal que não o da percepção humana habitual), Bill Viola, pioneiro da vídeo-arte, coloca na sua obra alguns dos problemas antropológicos anteriormente abordados: a relação que estabelecemos com o mundo e a sua percepção, o problema da morte e a sua articulação com a vida, a experiência de um tempo deslizante, automático e rápido que é necessário fazer parar.

As instalações e os vídeos de Viola apresentam um profundo manancial simbólico, a que não é estranho a formação budista do autor, o conhecimento da história das religiões e da arte e mística cristã – por isto tantas vezes é criticado por corresponder a uma certa formulação sincrética espiritualista de tipo New Age. A utilização da água e do fogo, a apresentação da morte e do nascimento, a relação entre a luz e as trevas. E nos últimos anos a referencia e citação de outras obras da arte cristã. Os títulos de algumas das suas obras são já reveladores dos seus interesses: “O quarto de S. João da Cruz”; “Passagem”; “A cidade dos homens”; “O portão dos anjos”; Santuário”; “Céu e terra”; “Rezar sem cessar”; “Pneuma”; “A saudação”; “O mensageiro” e mais recentemente a instalação “Cinco anjos para o milénio”.

Bill Viola explica que foi através das tradições orientais, hindu e budista, que descobriu as raízes místicas da sua própria tradição cristã: os padres do deserto, os gnósticos do cristianismo primitivo, Mestre Eckart, S. João da Cruz, Santa Teresa de Ávila, e obras como A nuvem do não saber: exemplos da via negativa, apofática. E cita Mircea Eliade para lembrar que “o sagrado é uma parte da estrutura da consciência e não um estádio na evolução da consciência. Ou seja, não houve uma época em que as coisas eram mais espirituais do que hoje. (...)

WASSILY KANDINSKY

Há quase um século, Wassily Kandinsky, escreveu " as boas obras defendem a alma de toda a vulgaridade. Mantêm-na numa certa tonalidade, como o diapasão às cordas de um instrumento ".

Se o mundo quotidiano nos pode enquistar, tornar desafinados – a obra de arte deve esticar as cordas da alma para que o som correto, espiritual, se mantenha e nos mantenha. Afinar-nos, é esse o objectivo da arte.

FERNANDO CALHAU

Fernando Calhau é um caso singular da história de arte em Portugal pelo o que, em boa hora, a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu, no âmbito das comemorações dos seus cinquenta anos, em 2007, organizar uma mostra que relembra e revisita o seu trabalho, numa exposição dividida em duas fases e com o titulo “Convocação I e II”.

Calhau nasceu em Lisboa em 1948 e fez a sua primeira exposição na Cooperativa Gravura (“Gravuras Brancas”), aos vinte anos. Cursou Pintura na Escola de Belas-Artes da capital onde conheceu alguns dos que se tornaram seus amigos para a vida. Com Julião Sarmento, seu companheiro de Escola e “cúmplice” ao longo da vida – trabalharam juntos, também, na antiga Secretaria de Estado da Cultura, a partir de 1976, sob a égide de Eduardo Prado Coelho – aventurou-se na utilização de novos materiais e diferentes suportes, criando uma autêntica revolução na Escola e no meio artístico, essencialmente conservador.

Calhau e Sarmento pintavam com tinta acrílica, desdenhando o óleo que era considerado como o material dos “verdadeiros artistas”, e secavam rapidamente os trabalhos, ao sol, no pátio da Escola. Queriam experimentar bem e depressa. Resolutamente, procuravam informação que viesse dos Estados Unidos e de Inglaterra, contrariando a tendência dos artistas portugueses para se virarem para Paris, algo que permanecia desde o século XIX.

Com a cabeça cheia de arte Pop e de Rock n’ Roll, Fernando Calhau, mal terminou a licenciatura, em 1973, partiu para Londres com uma Bolsa da Fundação Gulbenkian e ingressou na famosa Slade School of Arts , onde se especializou em técnicas de gravura. Durante um ano trabalhou nas suas pesquisas, que incluíram o início do uso da fotografia para fixar texturas como erva, rochas, mar e areia que se transformaram em fotogravuras e, mais tarde, em filmes (“Mar” I, II e III - 1976). Calhau professava um interesse especial pela produção em série.

Os anos setenta foram de intensa actividade. Fazem parte deste período os “quadros verdes” e desenhos (lápis de cor sobre papel), bem como as impressões heliográficas, os desenhos a tinta permanente e os filmes Super 8. Artistas como Donald Judd, Joseph Kosuth, Lawrence Weiner, Joseph Beuys faziam parte do seu universo, o conceptualismo impunha-se e Calhau explorava com firmeza os duros caminhos da rotura com a tradição artística, trabalhando exaustivamente a forma e a cor.

Inclui trabalhos realizados a partir das mais diversas técnicas e materiais (carvão, grafite, lápis de cor e serigrafia, tinta permanente, entre outros) que se inscrevem num amplo leque de tipologias, demonstra a importância que o desenho tem na obra de Fernando Calhau.

A sua pintura, seja em suporte tradicional ou não, reflecte uma busca metafísica e uma quase “irrealidade” que irá marcar a sua vida e obra até ao ano da sua morte, em 2002, quando também inaugura a grande exposição na Fundação Gulbenkian “Work in Progress”.

Na longa entrevista que deu a Delfim Sardo e que consta do catálogo de “Work in Progress” diz Fernando Calhau: “Interessa-me muito pouca coisa (em arte). Interessa-me o (Donald) Judd, o Vermeer, “A Tempestade” do Giorgione, o Giotto. Interesso-me sempre por artistas rígidos. Interessa-me o (Richard) Serra, o Warhol. Quase toda a Pop. Gosto de outras coisas com uma componente afectiva que não consigo dissociar. Gosto do trabalho do Julião Sarmento, da pintura do Michael Biberstein, do Douglas Gordon.” Assim era o Fernando Calhau: um grande pintor com gostos precisos e ecléticos, um extraordinário artista com uma formação fora do comum e um amigo terno, possuidor de um notável e refinadíssimo sentido de humor.

Quem o conheceu desde os tempos da Escola recorda sempre a forma desarmante como, com notável inteligência, sabia desmistificar os incontáveis enganos da vida. O homem que se considerava pintor acima de tudo enfrentou o drama da doença, do cancro que o foi devastando, com uma fortaleza, dignidade e desassombro invulgares. A brutal seriedade da morte tornou-se visível no seu trabalho mas a coragem e a tranquilidade com que encarou o seu fim transformou a sua obra em algo de uma beleza única, um exemplo muito raro de consciencialização e de iluminação.

Fernando Calhau, Work In Progress, 2001, documentário sobre a obra de Fernando Calhau.


* Álvaro Lapa
* Ângelo de Sousa
* António Sena
* Costa Pinheiro
* Dacosta
* Eduardo Batarda
* Fernando Calhau
* Fernando Lanhas
* Francisco Laranjo
* Gonzalez Bravo
* Graça Morais
* Jacinto Luis
* Joaquim Bravo
* Jorge Martins
* José de Carvalho
* Julião Sarmento
* Júlio Pomar
* Júlio Rezende
* Justino Alves
* Manuel Baptista
* Maria José Aguiar
* Mário Cesariny
* Menez
* Nikias Skapinakis
* Paula Rego
* Pedro Cabrita Reis
* Pedro Calapez
* Pedro Chorão
* Pedro Portugal
* Pires Vieira
* Rocha da Silva
* Rodrigo
* Rui Aguiar
* Ruth Rosengarten
* Teresa Magalhães
* Vitor Pomar

BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB

Com nove anos de carreira, e seis álbums de originais os norte-americanos Black Rebel Motorcycle Club vão estar em Portugal em Novembro para dois concertos, um na Aula Magna, em Lisboa, dia 8, e outro no Hard Club do Porto, no dia seguinte.

09/09/2010

GALA DROP

Os portugueses Gala Drop vão dar dois concertos em Nova Iorque, a 10 e 11 de Setembro. O segundo concerto acontecerá na Governors Island, ao lado de Panda Bear (Animal Collective), que convidou o grupo.

No final de Setembro, os lisboetas, e autores de um dos melhores discos de estreia em Porugal, construído entre géneros (kraut-rock, electrónica, música ambiental, dub, psicadélica) segue o trilho deixado dos Can, Pop Group ou os A.R. Kane, lançarão um novo EP com quatro temas, com edição nos EUA pela Golf Channel, especializada em música electrónica.

O primeiro e homónimo disco dos portugueses Gala Drop (Nelson Gomes, Tiago Miranda e Afonso Simões) é um dos momentos mais singulares da música portuguesa das duas últimas décadas. Foge a catalogações ou variáveis reconhecíveis dentro do panorama nacional. N

QUEER LISBOA 2010

De 17 a 25 Setembro, decorre mais uma edição do festival Queer Lisboa 2010, com destaque para o novo Bruce LaBruce; a 29, abertura de outro festival de culto na capital, o MoteLX.

A edição deste ano do QueerLisboa, o festival de cinema gay e lésbico que há 14 anos acontece na capital, abre a 17 de Setembro com um filme polémico, o brasileiro "Do Começo ao Fim", realizado por Aluízio Abranches, que ficciona uma relação incestuosa homossexual entre dois irmãos. Apresenta ainda o escandaloso "L.A. Zombie", do pornógrafo esteta canadiano Bruce Labruce (com François Sagat), recentemente censurado no Festival de Cinema de Melbourne, na Austrália, e interdito nos Estados Unidos.

CINEMATECA 2010

No dia 3, arrancou, na Cinemateca Portuguesa, o ciclo "O Povo": a escolha vai de "O Couraçado Potemkine", de Eisenstein, a "Aquele Querido Mês de Agosto" de Miguel Gomes, passando por John Ford, Jean Rouch, António Reis, Jean Renoir, Frank Capra, David W. Griffith, Vittorio de Sica ou Chaplin.

JAMES DEAN E NICHOLAS RAY

James Dean and Nicholas Ray.

BILL T. JONES Bill T. - Kennedy Center for the Performing Arts

Anualmente, o Kennedy Center for the Performing Arts dá seus principais prémios para os líderes nas áreas de artes e entretenimento. Para 2010, o Centro Kennedy nomeou o coreógrafo Bill T. Jones, compositor Jerry Herman, a rainha do talk-show Oprah Winfrey, o cantor Merle Haggard, o ex-Beatle Paul McCartney, e David Ng reporter do Los Angeles Times.

A cerimónia terá lugar a 5 de Dezembro no Centro Kennedy e a CBS vai transmitir o especial de duas horas em 28 de Dezembro. O Presidente Barack Obama e Michelle Obama estarão a dar as medalhas aos vencedores deste ano.

Jones é co-líder do Bill T. Jones / Arnie Zane Dance Company, uma das maiores instituições de dança moderna no mundo. Eles actualmente uma quota de espaço com a Dance Theater Workshop in New York’s Chelsea district. Herman é mais conhecido com o seu trabalho em musicais como La Cage aux Folles, Hello, Dolly! e Mame. Ele ganhou um especial Tony Award em 2009, pelo reconhecimento da sua carreira na Broadway.

Os homenageados do ano passado foram Bruce Springsteen, Robert De Niro, Mel Brooks, Dave Brubeck, e Grace Bumbry.

CHRISTO + JEANNE-CLAUDE

Documentário sobre um homem chamado Christo, um artista, cuja obsessão na vida foi embrulhar coisas. Isso não significa que ele embrulha-se as pequenas coisas, no entanto. Ele usa o mundo exterior, em muitos acres de espaço, para acomodar o seu uso e espalhar por envolvimento em torno de locais naturais e antrópicos. Em Christo in Paris (1990) ele lança o seu olhar sobre uma ponte-área, em Paris, que ele encontra onde é recebido com cepticismo pelos responsáveis. Mas ele pressiona para a frente, e dá-nos uma olhar em como esse processo é feito, tanto com a política dele, e com a arte real e o trabalho colocado numa exposição pública como o que acaba como este.

Christo e as obras artísticas de Jeanne-Claude são lendárias. Envolveram o Wrapped Reichstag, Berlin 1971-95. Eles envolveram em torno de ilhas ao largo da costa da Flórida em tecido rosa brilhante, erguendo a 24 quilômetros de extensão cerca de 18 metros de altura de pano branco em dois condados do norte da Califórnia, ou na Pont Neuf, em Paris, as suas obras tornaram-se monumentais narrativas de esperança e de triunfo diante da adversidade. E o acto de filmar torna-se um projecto em si, com os cineastas presentes em cada passo do caminho, desde o planeamento e autorização, a execução e exibição dessas obras de arte temporárias.

Este conjunto de três DVD é a colaboração e o retrato mais completo já lançado entre cineastas e artistas. Cinco filmes premiados estão incluídos: Christo's Valley Curtain (1974), Running Fence (1978), Islands (1986), Christo in Paris (1990), e Umbrellas. (1995). Cada filme foi remasterizado digitalmente, supervisionado por Albert Maysles, apresentado e junto com novas entrevistas, fotos com 82 páginas, brochura com full-color, desenhos e redacções.

Todos os doc de Christo estão agora em DVD. Seu trabalho sobre o filme vale a pena encontrar Christo muito estranho ou único para o seu gosto. Mas uma coisa é certa, não se olha para outro filme sobre o envolvimento da mesma forma novamente.

Five Films about Christo And Jeanne-Claude
Films by the Maysles Brothers

R.I.P. Jeanne-Claude (1935- 2009)

SIGMAR POLKE

O artista alemão Sigmar Polke, que morreu aos 69 anos de complicações causadas por um cancro, deu a arte pop a borda afiada da política que muitas vezes faz falta no trabalho dos seus equivalentes britânicos e americanos. O exílio da Alemanha Oriental que se fixaram no oeste como um menino, criou imagens que foi implicitamente crítico do comunismo e do capitalismo. A sua arte reflecte a complexidade das profundas mudanças sociais que ocorreram durante a sua vida,e ao mesmo tempo, às vezes exibindo uma beleza impressionante não convencional.

Polke nasceu na Lower Silesian cidade Oels, agora Olesnica na Polónia. Quando tinha quatro anos, a sua família foi expulsa da Silésia a Turíngia, na Alemanha ocupada pelos soviéticos, de onde eles fugiram para o oeste, oito anos depois. A fim de criar uma impressão de normalidade, Sigmar fingiu estar dormindo durante a sua fuga: finalmente, eles chegaram de comboio a Berlim Ocidental.

Logo depois, Polke se mudou com sua família para Willich, perto de Krefeld, na Renânia do Norte-Vestfália, antes de começar um estágio em uma fábrica de vitrais em Düsseldorf - uma experiência que pode ter incentivado a ênfase sobre a luz e transparência que domina grande parte do seu trabalho. De 1961-1967 Polke estudou no Estado Düsseldorf Art Academy, onde foi inspirado no radicalismo de Joseph Beuys, bem como pela cena das galerias locais: a cidade realizou importantes exposições iniciais dos artistas americanos Robert Rauschenberg e Cy Twombly. Polke, contudo, foi influenciado também, pela sua própria maneira, os quadros mais convencionais, que tinha estudado como um jovem no museu de arte local.

Como Beuys, Polke criou assemblies extraordinários de materiais mais comuns, que também apareceu nas suas colagens e pinturas: desenvolveu um gosto especial para liverwurst e batata, que culminou em 1967 com Potato House, um pacote de instalação notável. Foi, no entanto, como um artista figurativo que conseguiu o maior sucesso, aliando referências irónicas ao velho mestre gravuras e pinturas com as imagens directas em negrito da cultura popular, retiradas de jornais, publicidade e banda desenhada. Neste, ele foi, sem dúvida, influenciado por figuras como Andy Warhol e Roy Lichtenstein, cuja marca colorida de spots ele adaptou para a sua própria, e deliberadamente obscurecidoa "Polke Dots".

Em 1963, Polke, juntamente com luminarios como Gerhard Richter, co-fundou o movimento conhecido como Kapitalistischer Realismus ("realismo capitalista"). O nome é uma subversão do realismo socialista, o estilo sufocante dos oficiais promovidos no leste comunista. No entanto, o paradoxal trabalho de Polke, com sua representação de má qualidade dos alimentos e outras mercadorias, era acima de tudo uma paródia do mercantilismo ocidental.

O artista enfatizou a qualidade provocativo do seu trabalho com uma série de eventos, incluindo uma exibição memorável, realizada em 1963 dentro de uma loja de móveis Düsseldorf: Polke e Richter, mesmo colocando-se como "esculturas vivas" sentado em poltronas.

A sua técnica sempre foi experimental e versátil. Variou de cinema e fotografia para aquarela, guache e várias formas de desenho. Como para enfatizar a sua independência da história ou da convenção, às vezes usou substâncias efémeras, tais como sumos de frutas, vela de cera e do fumo, ou como um alquimista apaixonado, salpicado de grãos de meteorito ou arsénico e telas cobertas com resina. Nas obras mais impressionantes, fez várias camadas de materiais que incluem tintas, lacas, serigrafia e plástico.

Esta complexidade física deu uma de imagem Polke como um perturbador, mesmo alucinado que pode reflectir as suas experiências com drogas, especialmente o LSD. Os cogumelos são um tema recorrente, e suas fotografias manipuladas incluem imagens dos antros de ópio que ele visitou no Paquistão durante a década de 1970, alguns anos antes de sua renúncia de drogas e bebida. Embora alguns críticos tenham saboreado este vibe de estupefacientes, o ilustre autor e locutor Robert Hughes comparou-a, menos gentil, com o "desmedido, sem regras, personagem de um monólogo dopehead's".


Polke fixou-se em Colónia, nas últimas três décadas e meia de sua vida, embora durante este período, ele ensinou em várias instituições, principalmente na Faculdade de Belas Artes de Hamburgo. Ele era um homem imponente e carismático, se um pouco quixotesco: ele às vezes desaparece por meses a fio, e seu comportamento era muitas vezes errático. Um colecionador tem especulado que Polke definiu o preço de uma de suas obras de "duplicação da sua idade e acrescentando três zeros". É impossível verificar a história, mas certamente reflecte a sagacidade do homem, bem como o sucesso comercial que tinha conseguido por meio de sua carreira. Mais tarde, o seu valor no mercado de arte se tornou um fenómeno: em 2007, uma das suas primeiras pinturas alcançou um preço de mais de US $ 5 milhões. Para o efeito, no entanto, viveu modestamente, cercado por seus quadros e livros.

Através de suas numerosas exposições de alto perfil, Polke exerceu uma influência internacional, afectando tanto artistas mais jovens como os seus compatriotas Martin Kippenberger e Albert Oehlen, Lara Schnitger da Holanda, os norte-americanos Richard Prince, Julian Schnabel e David Salle, e o duo suíço Peter Fischli e David Weiss. Ele apareceu freqüentemente em galerias em Nova Iorque e realizou retrospectivas significativas na América do Norte e Europa, a partir de San Francisco para o Liverpool, a Tate Modern, em Londres e Viena.

Polke também recebeu vários prémios internacionais, incluindo o prémio Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 1986 e, mais recentemente, de 2002, o Japan Art Association Praemium Imperiale prémio para a pintura.

Deixa a sua segunda esposa, Augustina von Nagel, e Georg e Anna, filhos deo seu primeiro casamento.

Sigmar Polke, nasceu a 13 Fevereiro de 1941, morreu a 10 Junho 2010.

SEX PISTOLS

A ícone punk de Londres, Soo Catwoman, esta revista muito rara, foi desenhado por Jamie Reid para venda na Sex Pistols’ 1976 Anarchy tour. Ele possui gráficos e slogans da revista política Suburban Press, que fundou em 1970. Reid continua a ser o mais conhecido e influente artista gráfico da época punk.

HENRY COW + SLAPP HAPPY

GRINDERMAN

Nick Cave pode ter sido recentemente eleito a celebridade que mais gostariam de ver instalado como primeiro-ministro pelos seu compatriotas australianos, mas isso não significa que ele e seus três companheiros de banda (Bad Seeds, Warren Ellis, Martyn Casey e Jim P Sclavunos) dispararem raios da sua virilidade na pouca surpresa do segundo álbum dos Grinderman.GRINDERMAN Grinderman 2 (Mute) 13 Setembro, 2010.

LOU REED + LAURIE ANDERSON

08/09/2010

Capas raras de discos de jazz em vinil em exposição em Coimbra

Capas raras de discos de jazz em vinil estão expostas, a partir de segunda feira, na Casa da Cultura de Coimbra, divulgando algumas edições especiais ou limitadas do rico acervo da Fonoteca da Biblioteca Municipal.


A exposição, que estará patente na Galeria Pinho Dinis até 1 de outubro (Dia Mundial da Música), permitirá apreciar cerca de 30 capas, que são raridades, de discos de jazz em vinil, disse hoje à agência Lusa a directora da Biblioteca Municipal de Coimbra, Maria José Miranda.

"O espólio vinil da Fonoteca da Biblioteca Municipal de Coimbra é proveniente, na sua grande maioria, de uma doação feita ao Município, pela extinta RDP, em 2004, e é constituído por cerca de 20 mil álbuns de 78, 45 e 33 rpm", segundo uma nota do Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Coimbra.

“O espaço possui, assim, um acervo com edições que, pela sua raridade, merecem ter visibilidade e ser divulgadas junto dos apreciadores do 'velho' vinil”, acrescenta.

Com a exposição, o Departamento de Cultura pretende divulgar este património da Fonoteca da Biblioteca Municipal, para o qual existe “um público muito entusiasmado”, salientou Maria José Miranda.

Fruto de uma seleção feita pelo melómano João Pedro Rocha destacam-se, nesta exposição, capas que, contextualizadas na sua época e constituindo álbuns de referência, marcam a história da música na área do jazz, adianta a nota.

Capas digitalizadas e alguns originais serão mostrados na exposição, em que figura nomeadamente o EP “Rosie and the Duke” (1956), que junta Duke Ellington com a cantora Rosemary Clooney.

Outra das raridades é o LP de Patti Page “Let’s get away from it all", da década de sessenta, com a particularidade de a cantora nele interpretar o tema “Coimbra”, de Raul Ferrão e José Galhardo, “uma das mais conhecidas canções portuguesas em todo o mundo (senão a mais conhecida), fonte de inúmeras versões, sobretudo, instrumentais”.

A capa do EP “Dixieland” (1959), do músico português Domingos Vilaça, editado por "uma das maiores referências impulsionadoras do primitivo jazz português na década de quarenta", a Alvorada, integra também a mostra.

O LP “Dave Brubeck at Storyville: 1954”, do The Dave Brubeck Quartet, o EP “Summer” (1968), do Trio Barroco/TyreeGleen Jr. & Van Dixon, e o álbum “Wispering/Always…”, de Moustache Jazz Seven, são outros dos discos de vinil cujas capas serão exibidas.

Esta iniciativa surge na sequência uma primeira mostra, realizada em 2009, de capas raras em vinil, dedicadas à música portuguesa produzida na segunda metade do século XX, sendo intenção da Biblioteca Municipal de Coimbra dar continuidade ao projeto, de periodicidade anual, com exposições dedicadas a outras temáticas.