01/02/2011

ARTE OFICIO

Na segunda metade dos anos 70, disputavam com os lisboetas Tantra o título de representantes máximos do rock progressivo feito em Portugal. Em algumas noites em que as duas bandas actuavam, quem tocava primeiro era decidido com recurso à técnica da “moeda ao ar”, recorda Álvaro Azevedo, baterista dos portuenses Arte & Ofício.

A principal dificuldade para reunir os Arte & Ofício, grupo que fez carreira durante a década de 70, prendia-se com o facto de o vocalista, António Garcês, estar radicado nos Estados Unidos. "Mal o contactei, ele ficou logo todo entusiasmado e disse que viajaria para Portugal já nos próximos dias", revelou o baterista, Álvaro Azevedo.

Os portuenses voltam sábado, aos palcos. O regresso tem como pretexto uma noite de homenagem a músicos portugueses dos anos 60, 70 e 80, promovida pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), às 22h30, no bar BBC, em Lisboa. Mas pode não ficar por aqui: a banda está a equacionar fazer mais concertos e o catálogo está a ser digitalizado para ser editado pela primeira vez em CD - o seu vinil "Faces", 1979, no mercado internacional, por se tratar de uma raridade, num site britânico aparece ao preço de 780 euros, enquanto num japonês o mesmo disco custa cerca de 260 euros- a Movieplay vai digitalizar a música dos Arte & Ofício para a editar em CD.

Se houver convites nesse sentido, pode até vir um novo álbum a caminho, refere o baterista, satisfeito com a reacção que a notícia do regresso motivou em agentes do sector e em redes sociais como o Facebook.

Os Arte & Ofício surgiram em 1976, com membros dos Psico e dos Pop Five Music Inc. nas suas fileiras. Tinham bandas como os Gentle Giant e os Yes – “eram os discos que ouvíamos” – como inspiração.

“Era uma época dourada em termos de actuações. Não havia esta moda dos DJ. Tocávamos praticamente todas as semanas – ou era uma festa de finalistas ou era um concerto”, diz Álvaro Azevedo, que é também membro dos Trabalhadores do Comércio, nascidos das cinzas dos Arte & Ofício, que terminaram em 1982. Não sobreviveram ao “boom do rock português”, uma altura em que o público preferia canções rock mais simples e cantadas na língua natal.

No BBC, o grupo apresentar-se-á com António Garcez na voz (veio dos Estados Unidos, para onde emigrou, de propósito), Sérgio Castro (também dos Trabalhadores do Comércio) no baixo e voz, Fernando Nascimento na guitarra, André Sarbib ao piano e no órgão e Álvaro Azevedo.

Foi preciso poucos ensaios para os Arte & Ofício voltarem a tocar as canções, apesar da música dos Arte & Ofício ser “complexa, com três ou quatro andamentos” por tema, descreve Álvaro Azevedo.

A SPA vai homenagear 40 bandas e artistas do pop-rock português, entre as quais Adelaide Ferreira, os Xutos & Pontapés, os Delfins e os Ena Pá 2000. No BBC, haverá pequenos concertos de alguns destes grupos e uma actuação mais prolongada dos Xutos & Pontapés.

É a primeira gala de homenagem da SPA a músicos portugueses. Estão previstas, ainda sem datas, noites dedicadas ao fado, jazz e música erudita e música popular portuguesa e cantautores.

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