08/06/2012

DAVID BOWIE

O 40º aniversário «The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars» encontra um David Bowie na reforma a gerir o vasto património que deixou à humanidade desde a segunda metade do Séc. XX. De acordo com o seu biógrafo, dificilmente abandonará esse retiro mas se uma condição verbal fosse necessária para descrever este álbum e todo o trajecto do «camaleão» seria um pretérito quase perfeito.

Do ponto de vista conceptual, «…Ziggy Stardust…» é um farol da representação musical, da criação de uma personagem sustentada num argumento traduzido em canções. E que canções! De «Moonage Daydream» a «Ziggy Stardust», terminando em «Rock´n´Roll Suicide», Bowie escrevia um dos capítulos supremos da história do rock, particularmente o de 70.

O alter-ego andrógeno era não só o traço de uma época de excessos e extravagâncias - que teve em Alice Cooper e nos Kiss as outras personagens de maior revelo - como uma referência ainda hoje recorrente na caracterização de uma personagem sustentada pela música. Marylin Manson, Lady Gaga ou Lana Del Rey demonstram que, décadas depois, a história não perdeu actualidade.

Ascenção e a queda de um superherói do rock dão origem a hinos que não se viriam a revelar proféticos para Bowie: este seria apenas o primeiro capítulo de uma narrativa que se iria virar para a América negra na trilogia «Pin Ups», «Diamond Dogs» e «Young Americans» antes de encontrar em Berlim a sede de todas as experiências. Se o significado histórico não for suficiente, a remasterização do som é, de facto, uma mais-valia.

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