03/04/2012

PATTI SMITH

Passaram quarenta anos e Patti Smith (n.1946) regressou a Montparnasse, ao Boulevard Raspail onde agora fica a Fundação Cartier. Em Nova Iorque, para onde foi viver em 1967, Patti sonhava com Paris. Em Nova Iorque aprendeu poesia e política a ouvir MC5, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Bob Dylan. Vivia-se sob o receio da bomba atómica e protestava-se contra a guerra do Vietname " Não tínhamos praticamente nada, nem Internet, nem telemóvel, nem televisão nem cartões de crédito. Era uma época muito pouco materialista onde as ideias primavam. Os músicos não viviam obcecados com a celebridade. Eu e Robert Mapplethorpe, partilhávamos um quarto minúsculo no Hotel Chelsea". Encontravamo-nos com Allen Ginsberg, William Burroughs, Greggory Corso, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Carrol, Sam Shepard. Era uma época muito estimulante, cada um falava do seu trabalho e discutíamos”, comenta Smith numa entrevista recente à Art Press. Em 69, Patti realiza o seu sonho, vai viver em Montparnasse, perto de onde é hoje a Fundação Cartier, na cidade onde as ideias primavam: A performer e poeta Patti Smith nasceu em 1946, em Chicago. Horses (1975),tido como precursor do punk, foi considerado pela revista Time um dos cem melhores álbuns de todos os tempos. Patti também publicou livros de poesia como Babel e Auguries of Innocence. Em 1973, expõe os seus desenhos pela primeira vez, e, em 2008, a Fundação Cartier de Paris apresentou uma grande mostra da artista. A exposição “Land 250”, inspira-se no nome da Polaroid de Smith, (gosto da sua simplicidade técnica diz Smith)mostra uma retrospectiva dos desenhos, música, filmes, escrita, colagens, fotografias, que a artista foi fazendo ao longo da sua vida. Já conhecida no cenário underground de Nova York por recitar poesias marcadas pela influência do poeta maldito Arthur Rimbaud e William Burroughs, Patti Smith grava, Horses, em Novembro de 1975, no Electric Ladyland, antigo reduto do falecido Jimi Hendrix. O grupo era constituido por Patti Smith (nos vocais e guitarra), Lenny Kaye (guitarra, baixo e vocal), Ivan Kral (baixo, guitarra e vocal), Richard Sohl (teclado) e Jay Dee Daugherty (bateria). Patti Smith não foi apenas a maior expressão feminina do movimento punk. Ela também trouxe um lado poético e intelectual,o que a levou a ser considerada uma das activistas que mais contribuiu para o desenvolvimento do rock 'n roll, como forma de protesto. Em termos de religião o seu desconforto começou cedo enquanto criada numa família pobre cuja mãe era Testemunha de Jeová e o pai um ateu convicto. Rimbaud e Burroughs são os fios condutores para a formação de Patti, que gira em torno da sua desconcertada vida pessoal; dos imaginários diálogos com os ídolos Bob Dylan, Brian Jones, Keith Richards ao icone da contracultura Jim Morrison, não esqueçendo a estética beatnik que estava a florescer naqueles tempos de rebeldia jovem. Em Horses, o termo bíblico ‘palavra’ ganha força poética para transmitir releituras ousadas sobre religião, idolatria, e desejos sociais. Em relação à fotografia, Patti diz ser uma amadora, “conheço a história da fotografia”, mas as suas fotografias são acima de tudo um diário visual da sua vida. Mas falar de Patti sem ouvir a sua música, seria imperdoável. Quando Patti se apaixonou pelo marido, escreveu “Dancing Barefoot” e “Because the Night”, entre outras. “Ser artista é nunca estar satisfeita, temos de transformar tudo constantemente”.

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