20/01/2010

JANDEK


Jandek, nome do misterioso artista norte-americano, vai estar no sábado no Teatro Maria Matos, em Lisboa, a mostrar que a música pode ser uma arte que não se deixa contaminar.

O concerto em Lisboa acontece um ano depois da estreia de Jandek em Portugal, na Fundação de Serralves, no Porto, onde actuou a solo ao piano.Até os espanhóis fizeram parte da plateia naquele final de tarde de sábado – o concerto teve início pouco depois das 7 da tarde- será que foi a pedido de Jandek ?.

Desta vez, Jandek, 64 anos, estará em palco com três músicos que escolheu para tocarem consigo: Sei Miguel (trompete), Peter Bastien (saxofone) e o guitarrista André Ferreira.

O misterioso e eremita músico americano vem a Portugal mostrar um pouco da obra que vem desenhando desde os anos 70, quase em segredo, já que só em 2004 se apresentou ao vivo pela primeira vez. O mistério em torno de Jandek, nome artístico de um músico do Texas, deve-se ao facto de praticamente não ter dado entrevistas, e nunca ter feito qualquer divulgação das dezenas de álbuns.

O site de Jandek na Internet é explícito sobre isso ao referir que "toda a gente sabe uma coisa sobre Jandek: ninguém sabe nada sobre Jandek. Não há nada, a não ser a música".

E acrescenta: "Oficialmente Jandek não é uma pessoa. Os álbuns e os concertos são de Jandek, mas o homem que aparece nas capas dos álbuns e em palco é um representante da [editora] Corwood Industries", de nome Sterling Smith.

Este secretismo em torno do músico causa mais curiosidade, mas obriga o público a centrar-se na música.

"Isto é fulcral. Jandek não é uma pessoa, é uma performance. E isto tem a exposição dos artistas e a justificação que têm que dar sobre a sua música e isso torna mundano o trabalho artístico", explicou à agência Lusa o promotor Pedro Gomes, responsável pelos dois concertos de Jandek em Portugal.

Pedro Gomes pouco ou nada adianta quanto à biografia, modos de estar e de ser de Jandek - "isso é confidencial" - respeitando a decisão do músico de não dar qualquer informação sobre a sua vida, qualquer entrevista sobre a música que faz.

"A possibilidade de não ter de justificar nada a ninguém torna-o completamente despojado de preocupações. Ao explicar-se está a adaptar-se, está a impurificar o seu trabalho", opinou o promotor.

O concerto de Lisboa será necessariamente diferente do do Porto, em que Jandek tocou a solo perante uma plateia esgotada que escutou apenas duas composições "solitárias, muito poéticas, minimalistas", quase Debussy e Satie mais "primitivas".

No Teatro Maria Matos, é possível que Jandek revele a sua "visão espectral da história da música americana", embora a sua música, registada em dezenas de álbuns, "não tenha nome nem cartografia".

Os convidados para este concerto foram escolhidos de uma longa lista de músicos portugueses, fornecida pela promotora, quando Jandek esteve em Portugal em 2009.

Foi ainda convidado o saxofonista Peter Bastian, músico antagónico de Jandek, que se recusa a gravar qualquer álbum, fixando-se apenas nas actuações ao vivo.

Ao guitarrista André Ferreira, dos Tropa Macaca e dos Aquaparque, foi-lhe pedido que tocasse piano, embora o músico não tenha conhecimentos daquele instrumento.

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