11/02/2012

TACITA DEAN NA TATE 2011

TATE MODERN PRESTA HOMENAGEM AO CINEMA COM POEMA FILMADO.

"A indústria é uma merda, é o meio que é grandioso", disse Lauren Bacall, e esta frase é o selo que fecha o novo livro de Tacita Dean (n. Kent, 1965), "Film", que acompanha a instalação homónima da artista inglesa na famosa sala das Turbinas da Tate Modern, em Londres. "Fim", escreve a artista, é um gesto dedicado não ao passado mas ao futuro; um grito e uma reivindicação pela continuidade dos meios analógicos, sem sombra de nostalgia, conservadorismo ou ortodoxia. Como um ensaio sobre a potencial perda da linguagem de um artista, um filme acerca do filme.

Tacita Dean é a 12.ª artista convidada pela Tate para ocupar um dos mais importantes e significativos espaços da arte mundial. O seu nome segue-se ao de artistas como Louise Bourgeois, Juan Muñoz, Bruce Nauman, Olafur Eliasson ou Doris Salcedo. A Sala da Turbinas, agora ocupada pelos seres fílmicos de Dean, já foi visitada por 26 milhões de pessoas e é um dos espaços mais democráticos da arte contemporânea: o acesso é livre, sem qualquer bilhete, controlo ou tempo limitado de visita.

A dimensão monumental desta sala começou, diz a artista, por assustá-la, como declarou ao "The Guardian": "Não sou conhecida por fazer trabalhos em escala monumental; [neste projecto], tive de ir para zonas que nunca antes tinha frequentado. As encomendas para a Sala das Turbinas são sobre o espectacular: e não há maneira de fugir disso. Por isso, pensei: vou fazer alguma coisa espectacular e não um filme de 148 minutos sobre um velhote."

Onze minutos é o tempo de projeção vertical em grandes proporções proposta pela artista britânica Tacita Dean. Árvores, quedas d'água, frutas e edifícios se projetam em uma tela de 13 metros de altura, na sala de turbinas do Tate Modern de Londres. O filme mudo foi chamado "Film". O trabalho de Dean substitui a obra do artista chinês Ai Weiwei que havia transformado a sala em um tapete com milhares e milhares de sementes de porcelana, que apenas puderam ser tocadas pelo público durante dois dias dada a "poeira" gerada na interação com o público.

Para ela, o filme de 16 milímetros é o que corre mais risco. "Apenas o filme permite ter este aspecto, esta impressão de movimento quando alguém se aproxima da tela", disse.

Formalmente, esta instalação é uma projecção de 35mm com a duração de 11 minutos. As imagens surgem numa gigantesca superfície monolítica de 13 metros colocada na parede do fundo da sala, evocando o objecto misterioso e simbólico do mítico filme de Kubrick, "2001: Odisseia no Espaço". As imagens convocam os universos mágicos, alquímicos e misteriosos do cinema experimental e muitas vezes sugerem a sua proximidade com a poesia visual surrealista; misturam-se instantâneos da natureza, planos do espaço arquitectónico da Sala das Turbinas, elementos geométricos cheio de cor a lembrar as pinturas ao estilo "De Stijl" de Mondrian, Van Doesburg, os objectos de Rietvield e imagens da própria película cinematográfica.

Tratou-se, explica Tacita Dean no livro, de fazer um retrato do próprio filme, o qual se transformou numa espécie de ideograma: "A Sala das Turbinas como uma película onde se juntam o real e o imaginário no espaço mágico que é o cinema experimental."

Para o diretor da Tate Modern, Chris Dercon, os museus podem ser os únicos lugares para assistir filmes analógicos, caso os laboratórios de revelação fechem as portas e as empresas interrompam a produção de rolos de filmes.

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